sábado, 17 de agosto de 2013

Introdução (sem trocadilhos buaheuhaeueah)

Olá a todos!

Criei este blog com o intuito de interagir melhor com o pessoal que acompanha as comunidades de finanças. Ao mesmo tempo, colocarei aqui um pouco da minha experiencia de vida como médico, e mostrar que apesar de ganharmos bem e nunca faltar emprego, nossa vida pode ser uma merda. Sem hipocrisia. Sem ilusões. A real.

Tenho 30 anos, formei em 2009 em uma federal. Tenho inteligencia mediana pra alta, passei em uma Federal apos 1 ano de cursinho (formação em escola particular). Odeio estudar, sempre odiei, mas como tinha uma inteligencia razoável e nunca tive medo (só preguiça) de sentar a buda em uma cadeira e me sacrificar a um bem maior, consegui essa realização.

Meu pai era peão em uma siderurgia, e minha mãe era professora de escola pública, somos 3 filhos, e por isso sempre tive qualidade de vida aceitável, mas nunca tudo o que sempre quis, até mesmo porque a capacidade financeira da minha família nos atendia no limite. Acho que isso foi bom pois moldou o meu caráter, hoje em dia eu não fico esperando o que o mundo pode me dar, mas sim o que eu consigo tirar dele.

Logo após minha formatura, comecei a trabalhar em um PSF. Pra quem não conhece, PSF é o "Programa Saúde da Família", iniciativa do SUS em desafogar um pouco o atendimento do setor terciário (os hospitais propriamente ditos). A premissa do PSF é boa; imagine um velhinho que quer apenas fazer um "check-up", acompanhar sua pressão alta, ver se tem diabetes... Imagine que antigamente todos os velhinhos tinham que ir a um hospital pra poder fazer isso, sobrecarregando os médicos que além de cuidar das urgências médicas tem que lidar com essas bobeirinhas. Assim, com o PSF, o velhinho pode ir a um "Postinho de saúde" e lá receber seu atendimento primário, pedidos dos exames, receitas, etc. Até aí tudo bem. Agora, pra nós que estamos lá dentro, o PSF depois de um tempo fica insuportável.


Todo mundo feliz esperando a consultinha... Meu posto era 5x mais cheio que isso.

 Primeiro; comparativamente o salario de um PSF não é tão bom quanto se você fosse trabalhar em outras áreas. Hoje eu trabalho uma média de 30 hs semanais e ganho por volta de 12k liquido, no PSF eu trabalhava 40 hs e ganhava 6,4k liquido. Segundo; depois de um tempo o PSF vai cansando muito... Imagine que a função do PSF é um atendimento básico; lá não tem como fazer exames, quando a gente pede o paciente tem que ir até o lugar que colhe o material, ou tira o raio x, ou ainda faz o eletrocardiograma, e só no dia seguinte fica pronto. Ou seja, se você está com suspeita de pneumonia, o PSF não é o lugar pra você. Esse lugar seria a UPA, ou unidade de pronto atendimento, local onde você pode fazer o exame imediatamente, e avaliado pelo médico. Acontece que invariavelmente o PSF se torna um local pra ficar apagando incêndios, e não promover saúde. Passava o dia inteiro atendendo pacientes que iam porque tinham suspeita de pneumonia, suspeita de infarto, abdome agudo... Todos esses pacientes deveriam estar em uma UPA, fazendo os exames, e eu tinha que resolver todos os problemas dele apenas com papel e caneta! Era cansativo e estressante, porque não é fácil (na verdade era impossível) encaminhar todas esses pacientes para o local correto pra eles, eu tinha que fazer o diagnostico com um estetoscópio, e tratar essas doenças sem a medicação, equipe despreparada. Enfim, PSF é uma bomba relógio... uma hora dá merda. Pra quem não é médico, ouvir uma notícia na televisão que "alguém passou mal no meio da rua e foi atendida em um posto mas os médicos não puderam fazer nada e a pessoa faleceu..." Acho que você talvez já ouviu uma notícia assim e ficou puto; porra esses médicos lixos não fazem nada, essa porra de posto de saúde não serve pra nada... Lógico que não, seu merda, lá não tem equipamento, material, medicação... nada!!! O local pra isso é a UPA! Então ver alguém grave na sua mãe, e você sem muita coisa pra fazer, é frustrante.

Cada cidade é de um jeito, cada prefeitura é de um jeito, então pra quem conhece ou é médico verá que na sua região a situação pode ser um pouco diferente. A verdade é que na minha cidade eu tinha 10.000 pacientes adscritos na minha equipe, e eu quase nunca conseguia a transferência dos pacientes graves. Após 11 meses eu não aguentava mais aquilo, e decidi largar e estudar pra residência.

No próximo post contarei como foi minha residência. Abraços!

6 comentários:

  1. Bem vindo a blogosfera de finanças. Estamos ansiosios pelos relatos financeiros também !

    Lambida do Poney !

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  2. Que legal encontrar um blog de um colega enquanto procuro informações sobre finanças! Rapaz, estou na mesma faixa etária sua e há algum tempo "carrego" essa profissão. Nem quis fazer residência. Essas 60h me causam calafrios. O problema nem é falta de disposição para o estudo, é não ter nada que me interesse! Voltar a dar plantões, só no máximo desespero! E esse governo anti-médico que aí está não é nada estimulador. Entendo perfeitamente quando você diz que o paciente quer mesmo é ser enganado, difícil exercer a tal medicina baseada em evidências. Se não conseguir sair (é difícil!), pelo menos não quero depender da profissão. O blog está muito bom, espero que continue, vou tentar acompanhar. Uma boa sorte pra você. Abraço!

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